terça-feira, 4 de outubro de 2011

O Cemitério dos Barcos sem Nome

Desprezado e abandonado, não teve a mesma sorte (ou azar) que o Vasa: algo que o tornasse invencível na sua redoma e convencido de tanto olhar. Em vez disso, aguarda lentamente a sua vez. A vez em que o mar, paciente, dê o seu golpe final para o consumir vagarosamente, peça a peça.

Não teve tempo para contar a sua história. Esta ficará para sempre esquecida, mas imortalizada num puzzle de sedimentos impossível. Aguarda os poucos visitantes que lhe sobra, esperando transmitir algo do que lhe resta, das suas viagens sem fim. O seu nome, outrora de orgulho para as suas altas patentes e falado nos quatro cantos do mundo, é agora um conjunto de letras sem nexo, vandalizado pelo tempo e pela oxidação.

Este foi o cenário com que me deparei e que Arturo Pérez-Reverte não poderia ter descrito melhor. Quem sabe se não serviu mesmo de inspiração, tal o surrealismo que o envolve.







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